Disney cancela projeto de campus na Flórida em meio a disputa com DeSantis
O grupo americano Disney cancelou, nesta quinta-feira (18), seu plano de construir um novo campus para funcionários no centro da Flórida, em meio a uma disputa com o governador republicano do estado, Ron DeSantis.
A gigante do entretenimento não seguirá adiante com o projeto de Lake Nona devido a "mudanças significativas" desde o anúncio oficial, "incluindo uma nova direção e condições comerciais instáveis", segundo um memorando do presidente de parques, Josh D'Amaro, ao qual a AFP teve acesso.
Anunciado pela primeira vez em julho de 2021, o projeto tinha previsto deslocar 2.000 postos de trabalho da Califórnia para Lake Nona, que fica aproximadamente 30 quilômetros ao leste do enorme complexo Disney World em Orlando.
Orçado em mais de 800 milhões de dólares (R$ 3,9 bilhões, na cotação atual), o empreendimento incluiria trabalhadores em tecnologia digital, finanças e desenvolvimento de produtos com um salário médio de 120.000 dólares anuais (R$ 595.000), disseram grupos empresariais de Orlando quando o anúncio foi feito.
Porém, a Disney, que emprega mais de 75.000 pessoas na Flórida, se viu envolvida em uma batalha cada vez mais dura com DeSantis. O governador é uma figura em ascensão na direita americana e, segundo informações, planeja lançar na próxima semana sua candidatura à indicação republicana para as eleições presidenciais de 2024.
A origem da disputa foi a crítica da Disney a uma lei apoiada por DeSantis, que proíbe aulas escolares sobre orientação sexual e identidade de gênero.
O prefeito do condado de Orange, Jerry Demings, onde ficaria o complexo turístico, disse em nota que a decisão da Disney era "infeliz".
"No entanto, estas são as consequências quando não há um ambiente de trabalho colaborativo e inclusivo entre o estado da Flórida e a comunidade empresarial", afirmou Demings.
"Vamos continuar trabalhando estreitamente com nossos valorosos parceiros na Disney", acrescentou.
Em fevereiro, DeSantis retirou da Disney o controle de seu distrito autônomo especial, o que permitia que o parque de diversões, que tem o tamanho de uma cidade, executasse seus próprios projetos de zoneamento e infraestrutura, isentos das regulações estatais.
O governador também expôs a ideia de construir um presídio perto do parque, que faz parte de uma área turística em expansão, e que visava atrair cerca de 50 milhões de pessoas por ano.
Em resposta, a Disney entrou com um processo contra o político, alegando "uma campanha de represálias do governo" pelas posições políticas do grupo.
No início desta semana, a Disney pediu a um juiz o arquivamento de uma ação apresentada por um conselho de supervisão alinhado a DeSantis.
Nesta quinta, a campanha do ex-presidente republicano Donald Trump culpou as diferenças entre DeSantis e a Disney de privar o estado de um grande investimento e de empregos lucrativos.
"Porque (DeSantis) foi fraco demais para lutar por este estado", dizia o comunicado que elogiou Trump como "o presidente dos empregos".
"A guerra perdida de DeSantis com a Disney fez pouco por sua campanha, que tropeça, e agora está fazendo muito menos pela economia da Flórida", acrescentou.
(A.Lehmann--BBZ)