Agentes entram em prisão de segurança máxima em Honduras para combater gangues
Centenas de policiais militares entraram nesta quinta-feira (29) em dois presídios de segurança máxima de Honduras, em uma ofensiva contra gangues lançada na segunda-feira para retomar o controle dos presídios e apreender arsenais que ingressaram nessas instituições mediante pagamentos de propinas a autoridades.
"As Forças Armadas de Honduras, por meio da Polícia Militar de Ordem Pública (PMOP), iniciaram a Operação 'Fé e Esperança' com o objetivo de retomar o controle, direção e governança do presídio El Pozo, setor Ilama, Santa Bárbara, e do presídio Siria, em El Porvenir", disse um comunicado dos comandantes militares.
As Forças Armadas divulgaram fotos de drogas, incluindo plantas de maconha, e munições, mas não armas, apreendidas em operações em El Pozo, a prisão de segurança máxima mais temida, cerca de 180 quilômetros a noroeste da capital, e na Siria, cerca de 60 quilômetros ao norte.
Além disso, mostraram os internos agrupados em um pátio descalços e vestidos apenas com roupas íntimas.
El Pozo e Siria, com capacidade para 2.000 presos cada, foram construídos para abrigar, sobretudo, os líderes da Mara Salvatrucha (MS-13) e do Barrio 18, as mais temidas quadrilhas criminosas que semeiam o terror em Honduras, Guatemala e El Salvador.
- El Salvador como exemplo -
Em El Salvador, o presidente Nayib Bukele conseguiu controlar grupos criminosos com uma grande ofensiva que começou há mais de um ano, e Honduras começou a fazer o mesmo esta semana.
Desde a segunda-feira anterior, as tropas hondurenhas entraram no Centro Penitenciário, a Penitenciária Nacional de Adaptação Social (PNFAS), localizada na área de Tamara e 25 km ao norte de Tegucigalpa, e também no La Tolva, na área de Morocelí, cerca de 60 km ao leste.
Com armas, explosivos e cães farejadores de drogas, os policiais conseguiram encontrar potentes armas de fogo, como rifles de assalto AR-15, submetralhadoras Uzi, pistolas 9mm, carregadores e milhares de projéteis e granadas.
- Não se deixar subornar -
O comandante da PMOP, coronel Ramiro Fernando Muñoz, pediu a seus soldados que não se deixem subornar pelo crime organizado, como fizeram as autoridades que permitiram a entrada dessas armas. "Chega de corrupção e conivência com pessoas privadas de liberdade", pediu.
As operações começaram por ordem da presidente Xiomara Castro, depois que, na semana anterior, no presídio feminino, detentas da quadrilha Barrio 18 saíram de seu módulo e invadiram outro onde estavam as rivais do MS-13.
Elas atacaram as adversárias a tiros e atearam fogo no centro. O balanço foi de 46 óbitos.
As prisões hondurenhas são consideradas pelas autoridades como "academias do crime". Nos últimos 20 anos, foram registradas mais de 1.000 mortes, segundo o Comissariado de Direitos Humanos.
A pior tragédia ocorreu em Comayagua, no centro do país, onde 362 pessoas morreram em um incêndio em 2012.
(Y.Berger--BBZ)