Calor sufoca hemisfério norte e provoca incêndios florestais
Europa, Ásia e América do Norte seguem sofrendo nesta quarta-feira (19) com uma onda de calor extremo, acompanhada às vezes de violentos incêndios, como na Grécia, onde centenas de bombeiros travam uma grande batalha contra as chamas.
Da Califórnia até a China, as autoridades recomendam medidas de proteção ao calor aos moradores de milhares de cidades, com hidratação adequada e evitando o sol.
Em Genebra, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que "o calor extremo está afetando duramente as pessoas menos capazes de lidar com suas consequências, como os idosos, os bebês e as crianças, assim como os pobres e as pessoas sem-teto".
O observatório do clima europeu Copernicus, por sua vez, disse que o mundo caminha para o mês de julho mais quente registrado até agora.
Na Espanha, centenas de bombeiras combatem incêndios nas Ilhas Canárias. E a situação é grave na Grécia, onde, pelo terceiro dia consecutivo, há uma "enorme batalha" contra as chamas ao oeste de Atenas e na ilha turística de Rodes, segundo o ministro de Crise Climática e Proteção Civil, Vassilis Kikilias.
Um primeiro incêndio declarado na segunda-feira em Kouvaras, que se estendeu até a zona costeira perto de Atenas, queimou 3.472 hectares, incluindo 164 de áreas urbanizadas, segundo o Copernicus.
Diante da previsão de uma nova onda de calor a partir de quinta-feira, com temperaturas que devem atingir 44ºC na sexta-feira e no sábado, "as condições meteorológicas são difíceis" devido aos fortes ventos de até 60 quilômetros por hora que afetam algumas áreas do país e propagam as chamas, acrescentou o ministro.
Países vizinhos enviarão pouco mais de 200 bombeiros em reforço.
Apesar das ordens de evacuação das autoridades gregas para algumas localidades que ficam entre 50 e 80 km de Atenas, alguns moradores se recusaram a abandonar suas casas.
"Eu não vou sair. Comecei a construir esta casa quando tinha 27 anos. Vou ficar aqui ao menos para vê-la em chamas", declarou à AFPTV Dimitris Michaelous, em Pournari, ao noroeste da capital.
No mar, as temperaturas atingiram novas máximas, com uma média de 24,6 ºC nas costas, ou seja, 2,2 ºC a mais que as temperaturas normais para a temporada.
- Recordes em todo o mundo -
Na terça-feira, foram registrados recordes de temperatura em todo o mundo. A capital da China, Pequim, bateu um recorde que durava 23 anos ao registrar 27 dias consecutivos de temperaturas superiores a 35 graus centígrados.
"Ao meio-dia, eu sinto como se o sol queimasse as minhas pernas", declarou à AFP Qiu Yichong, um estudante de 22 anos.
Phoenix, capital do Arizona, no sul dos Estados Unidos, bateu um recorde similar que durava 49 anos, com o 19º dia consecutivo de temperaturas de 43,3ºC ou superiores.
Na Espanha, as temperaturas atingiram 45,3 °C em Figueras, na região da Catalunha (nordeste), e 43,7 °C nas Ilhas Baleares, de acordo com a agência meteorológica Aemet.
Na Itália, 20 cidades estão em alerta vermelho. Em Roma, o termômetro atingiu 40°C, pouco abaixo do recorde local de 40,5 graus, registrado em agosto de 2007.
"Em Nápoles, com as malas, conseguimos andar dez minutos, mas logo ficamos mortos", disse à AFP Erica Levler, de 24 anos, uma estudante romana de férias nesta cidade do sul da Itália. "Aqui é um pouco melhor porque tem o mar."
Nos Estados Unidos, os serviços meteorológicos destacaram uma onda de calor "opressiva" no sul do país e anunciaram previsões de temperaturas recordes.
Os incêndios na Califórnia provocaram a fuga de vários moradores. O foco mais intenso queimou 3.200 hectares.
O Canadá também luta contra o fogo, com 885 incêndios ativos, incluindo 566 fora de controle. Dois bombeiros morreram no combate às chamas.
O Japão emitiu alertas de calor para 32 dos 47 municípios do país, com temperaturas que se aproximam do recorde de 41,1°C, registrado em 2018.
(L.Kaufmann--BBZ)