Suspeita de terrorismo em ataque que deixou 15 mortos em Nova Orleans
Um cidadão americano com uma bandeira do Estado Islâmico (EI) "desesperado para provocar um massacre" atropelou, nesta quarta-feira (1º), uma multidão em Nova Orleans, matando pelo menos 15 pessoas e ferindo dezenas, de acordo com as autoridades.
O FBI identificou o agressor como Shamsud Din Jabbar, um ex-militar de 42 anos residente no Texas. Ele era corretor de imóveis em Houston e foi especialista em informática no exército por 10 anos.
Ele esteve no Afeganistão de fevereiro de 2009 até janeiro de 2010, de acordo com um porta-voz do Exército, que acrescentou que Jabbar tinha a patente de primeiro sargento ao final de seu serviço.
Anne Kirkpatrick, superintendente da polícia, descreveu Jabbar como um "terrorista", enquanto o FBI disse que "uma bandeira do Isis foi encontrada no veículo", usando outro nome para o grupo Estado Islâmico.
"O FBI trabalha para estabelecer potenciais associações e afiliações do indivíduo com organizações terroristas", disse a agência em um comunicado.
A agente do FBI Alethea Duncan alertou que "não acreditam que Jabbar seja o único responsável", enquanto as autoridades da cidade disseram que estão conduzindo uma caça aos envolvidos.
Duncan acrescentou que foram encontradas na cidade duas bombas caseiras que já foram desarmadas.
"Estamos caçando pessoas más", disse o governador da Luisiana, Jeff Landry.
O incidente ocorreu por volta das 3h15 locais (06h15 de Brasília) no coração do famoso Bairro Francês desta cidade dos Estados Unidos, que estava cheio de pessoas celebrando a chegada de 2025.
"Este homem, o perpetrador, disparou contra nossos agentes do veículo quando o colidiu. Dois policiais foram baleados. Eles estão em estado estável", disse Kirkpatrick mais cedo em uma coletiva de imprensa, garantindo que o agressor "tentou atropelar o maior número de pessoas possível".
"Ele estava determinado a provocar um massacre", acrescentou.
O veículo utilizado foi uma caminhonete elétrica Ford F150 branca, disse um correspondente da AFP no local.
O saldo anterior informado pelas autoridades era de 10 pessoas mortas.
O ataque ocorreu apenas dez dias depois de outro similar na cidade de Magdeburgo, na Alemanha, no qual cinco pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas.
- Reações de Biden e Trump -
O presidente Joe Biden reagiu, alertando que "não tolerará" ataques contra seu povo.
"Não há justificativa para a violência de qualquer tipo e não toleraremos nenhum ataque contra nenhuma das comunidades de nossa nação", afirmou o chefe de Estado em fim de mandato em um comunicado.
Seu próximo sucessor na Casa Branca, o republicano Donald Trump, associou o incidente à imigração irregular.
"Eu disse que os criminosos que estão chegando são muito piores do que os que temos no país [...] e acabou sendo verdade", escreveu ele nas redes sociais antes que a identidade do agressor fosse revelada.
Ele também acrescentou que a taxa de criminalidade do país "está em um nível nunca visto", embora, de acordo com o FBI, os crimes violentos tenham diminuído drasticamente.
Nas primeiras horas de 2025, muitas pessoas celebravam a virada de ano no Bairro Francês, um distrito famoso por seus bares, restaurantes e sua história do jazz.
Segundo testemunhas à rede CBS, um veículo em alta velocidade atropelou a multidão pouco antes que seu motorista pulasse para o chão e começasse a disparar uma arma, enquanto a polícia respondia ao fogo.
A caminhonete branca atravessou uma barricada "em alta velocidade". "Uma vez que passou por nós, ouvimos tiros e vimos a polícia correndo naquela direção", disse Nicole Mowrer à CBS.
"Quando os tiros cessaram, saímos para a rua e encontramos muitas pessoas que haviam sido atingidas. [Queríamos] ver o que poderíamos fazer para ajudar", acrescentou.
- Sugar Bowl -
Nova Orleans é um dos destinos mais visitados dos Estados Unidos, e o incidente ocorreu pouco antes de a cidade abrigar um importante jogo de futebol americano universitário, conhecido como Sugar Bowl, no qual participariam equipes das universidades da Geórgia e de Notre Dame.
De acordo com as autoridades municipais, a vigilância foi intensa durante o Ano Novo, já que a cidade se preparava para receber multidões.
O departamento de polícia local havia anunciado uma força de trabalho "a 100%, com 300 oficiais adicionais", inclusive a cavalo e usando unidades sem distintivos.
O icônico Bairro Francês publicou ofertas especiais para o Ano Novo, incluindo festas LGBTQ+ e um cabaré de drag perto de onde ocorreu o incidente.
(Y.Yildiz--BBZ)