Reunião internacional sobre Afeganistão será no início de maio em Doha (ONU)
O secretário-geral da ONU convocou para os dias 1º e 2 de maio uma reunião da comunidade internacional em Doha, no Catar, sobre o Afeganistão, cujo governo proibiu as afegãs de trabalharem para a ONU, informou o seu porta-voz nesta quarta-feira (19).
"Haverá uma reunião em Doha nos dias 1º e 2 de maio, organizada pelo secretário-geral, com enviados especiais de diversos países sobre o Afeganistão", disse o porta-voz Stéphane Dujarric aos jornalistas.
A missão da ONU no Afeganistão (Manua) iniciou uma avaliação de seu funcionamento após o governo talibã proibir as afegãs de trabalharem para a ONU.
O objetivo da reunião é "revitalizar o compromisso internacional em torno de objetivos comuns de longo prazo" sobre a situação no Afeganistão, detalhou Dujarric.
"Como disse o secretário-geral, é uma prioridade avançar em um enfoque baseado no pragmatismo e nos princípios", destacou o porta-voz, antes de acrescentar que espera que estas discussões a portas fechadas possam "contribuir para um consenso mais unido sobre os desafios futuros".
Ao ser perguntado sobre a possibilidade de os talibãs participarem da reunião, o porta-voz assinalou que, "nesta fase, o encontro reunirá enviados de países responsáveis pela pasta do Afeganistão".
Essas declarações chegam depois que a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, falou na segunda-feira, na Universidade de Princeton (EUA), sobre a possibilidade de discutir o possível "reconhecimento de princípio" do Talibã, ainda que com "condições".
"Essa discussão tem que acontecer. Alguns acham que nunca deveria acontecer, outros que deve ocorrer", acrescentou. "O Talibã quer ser reconhecido", detalhou.
Mas o porta-voz de António Guterres ressaltou que, "além dos Estados-membros, ninguém tem autoridade para reconhecer" os talibãs.
Em dezembro, a Assembleia Geral da ONU aprovou o relatório da comissão encarregada da acreditação de embaixadores, que adiou a decisão sobre o pedido de acreditação de um novo embaixador afegão na organização desde o retorno dos talibãs ao poder em agosto de 2021.
Amina, fortemente envolvida no caso, simplesmente "reafirmou a necessidade de a comunidade internacional encontrar uma posição coordenada sobre o Afeganistão", insistiu o porta-voz.
"Isso inclui encontrar um terreno comum sobre uma visão de longo prazo para o país e enviar uma mensagem unida às autoridades de fato sobre o imperativo de garantir às mulheres seu lugar de direito na sociedade afegã", acrescentou.
No dia 4 de abril, as Nações Unidas anunciaram a decisão do governo talibã de proibir que as afegãs trabalhassem para a ONU, uma medida que já havia sido aplicada às ONGs.
Desde então, a Manua realiza uma análise do funcionamento das operações da ONU no país asiático, que será concluída, em princípio, no dia 5 de maio.
(K.Müller--BBZ)