Emprego tem alta inesperada nos EUA; desemprego cai a 3,4%
O mercado de trabalho dos Estados Unidos se recuperou inesperadamente em abril, com o aumento da criação de empregos e a queda do índice de desemprego — longe da desaceleração esperada no combate à alta da inflação.
Em abril, foram criados 253.000 empregos, anunciou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira (5), ante 165.000 em março, número que foi revisado para baixo.
O índice de desemprego voltou a cair para 3,4% (-0,1 ponto). Os analistas esperavam a criação de 180.000 empregos e um índice de desemprego de 3,6%, segundo várias estimativas.
Espera-se, contudo, que uma queda na geração de empregos e o aumento do desemprego contenham a inflação. Ainda muito forte, a alta dos preços foi alimentada pelo expressivo crescimento dos salários, devido à falta de mão de obra.
Divulgada na quarta-feira (3), a criação de empregos no setor privado já havia dado o tom, desafiando as previsões, com 296.000 empregos criados ante 142.000 no mês anterior, de acordo com a pesquisa mensal ADP/Stanford Lab.
No balanço desta sexta-feira, os salários tendiam a mostrar que a euforia do período imediatamente após a pandemia de covid-19 parece ter terminado: +6,7% em um ano para as pessoas que permaneceram no mesmo emprego, ante 6,9% em março; e +13,2% para os que mudaram de emprego, ante 14,2%.
Na verdade, os salários dispararam nos Estados Unidos desde 2020, em decorrência de uma significativa falta de mão de obra. Isso contribuiu para o aumento da inflação.
- Mais empregos que trabalhadores -
O Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) está na vanguarda da luta contra a inflação elevada. Seu objetivo é acabar com o superaquecimento da economia, que provocou uma alta de preços que não se via há quatro décadas.
Para isso, vem aumentando as taxas de juros há um ano. Isto, por sua vez, faz os bancos aumentarem as taxas dos empréstimos que oferecem às famílias e às empresas, para travar o consumo e o investimento e frear a escalada dos preços.
Na quarta-feira, o Fed elevou as taxas pela décima vez consecutiva.
"Estamos vendo algumas evidências de flexibilização das condições do mercado de trabalho", disse então o presidente do Fed, Jerome Powell, "mas, no geral, o índice de desemprego é o mais baixo em 50 anos".
"A demanda por mão de obra ainda supera em muito a oferta de trabalhadores disponíveis", comentou.
No final de março, ainda havia quase 9,6 milhões de vagas abertas, de acordo com a pesquisa JOLTS do Departamento do Trabalho divulgada na terça-feira. Embora haja um declínio constante, o nível ainda é muito alto.
Como a atividade econômica desacelera sob a pressão dos aumentos dos juros, não se pode, contudo, descartar uma recessão, que levaria a um aumento do desemprego.
O presidente do Fed acredita que é possível evitá-la. E, se houver uma recessão, ela pode ser branda, com o aumento do desemprego "mais baixo do que o comum nas recessões da era moderna".
(K.Lüdke--BBZ)