Berliner Boersenzeitung - Biden e McCarthy mantêm diálogo 'produtivo', mas sem acordo sobre dívida dos EUA

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Biden e McCarthy mantêm diálogo 'produtivo', mas sem acordo sobre dívida dos EUA
Biden e McCarthy mantêm diálogo 'produtivo', mas sem acordo sobre dívida dos EUA / foto: SAUL LOEB - AFP

Biden e McCarthy mantêm diálogo 'produtivo', mas sem acordo sobre dívida dos EUA

Com a ameaça iminente de um calote inédito dos Estados Unidos, uma reunião nesta segunda-feira (22) entre o presidente Joe Biden e líder da oposição Kevin McCarthy não resolveu a disputa entre ambos, apesar de terem classificado o encontro como "produtivo".

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A secretária do Tesouro, Janet Yellen, deixou claro o que estava em jogo quando, horas antes, insistiu que é "muito provável" que o governo dos Estados Unidos fique sem dinheiro depois de 1º de junho.

Ao receber na Casa Branca o presidente da Câmara dos Representantes, Biden disse que estava "otimista" de concluir a reunião com um "avanço".

"Ainda não chegamos a um acordo. O debate foi produtivo nas áreas em que temos divergências de opinião", disse McCarthy após a reunião.

"O tom da reunião desta noite foi melhor do que o de todas as outras anteriores", acrescentou, mas frisou: "Seguimos tendo diferenças filosóficas."

Posteriormente, o presidente utilizou um tom similar ao de McCarthy em um comunicado, chamando a reunião de "produtiva", mas acrescentando que "áreas de desacordo" ainda persistem.

Ambos haviam se reunido duas vezes no período de 15 dias com outros congressistas, mas, desta vez, o encontro foi tête-à-tête.

A reunião deveria deixar para trás as discussões difíceis do fim de semana entre funcionários de ambas as partes com a ausência de Biden, que estava no Japão participando da Cúpula do G7.

Em meio a esses debates, Biden e McCarthy conversaram no domingo, quando o presidente retornava de seu compromisso no Japão.

Não obstante, após a reunião de hoje no Salão Oval e a descrição de McCarthy de que as conversas tinham sido produtivas, sua equipe voltou a elevar o tom.

O congressista e negociador republicano Patrick McHenry disse aos jornalistas: "O que percebo da Casa Branca é uma falta de urgência."

- Efeitos concretos -

Para eliminar o risco de um default, o Congresso deve aprovar uma elevação do teto da dívida pública. O Senado é controlado pelos democratas, enquanto os republicanos são maioria na Câmara.

Os republicanos exigem uma forte redução dos gastos públicos como condição para elevar o teto, mas Biden, que faz campanha para sua reeleição em 2024 com promessas de justiça social, não quer fazer esses cortes.

Antes da reunião, McCarthy disse que estava bastante otimista. Afirmou à emissora CNN que "o que for negociado será visto por uma maioria de republicanos como a solução correta para nos colocar no caminho certo".

Biden, por sua vez, também disse ser favorável a reduzir o déficit, mas considera necessário "avaliar os espaços fiscais e garantir que os ricos paguem sua parte justa" de impostos.

O chamado "teto da dívida" de mais de 31 trilhões de dólares (cerca de R$ 154 trilhões) - um recorde mundial - já foi alcançado há vários meses, mas o governo federal conseguiu gerenciar a situação até agora através de manobras contábeis.

Se não honrar com suas obrigações, os Estados Unidos não poderão pagar os detentores de títulos do Tesouro, um ativo de segurança das finanças mundiais. O governo tampouco poderia arcar com os subsídios e as pensões dos veteranos, por exemplo.

As consequências para a economia mundial seriam catastróficas, advertem os economistas.

"Os Estados Unidos nunca deixaram de pagar suas dívidas. E isso nunca será o caso", afirmou Biden.

Uma decisão tomada de última hora também pode ter consequências. Em 2011, existia apenas a ameaça de um default e isso fez com que os Estados Unidos, pela primeira vez, perdessem sua preciosa nota de crédito de triplo A, a melhor das agências de avaliação de risco.

- Sombra de Trump -

A sombra de Donald Trump, contudo, paira sobre as negociações. No dia 10 de maio, o ex-presidente republicano, que mantém forte influência no partido, pediu a seus correligionários que se recusassem a elevar o limite da dívida, o que provocaria o default, caso os democratas não concordem em reduzir os gastos.

No domingo, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, lamentou as "reivindicações partidárias extremas" propostas pelos conservadores.

McCarthy, por sua vez, acusou a "ala à esquerda do Partido Democrata" de estar "no comando".

Se a falta de acordo persistir, resta a Biden um último recurso: invocar a 14ª Emenda da Constituição americana, que estipula que "a validade da dívida pública dos Estados Unidos, autorizada por lei, [...] não deve ser questionada".

Em outras palavras, os gastos já votados devem poder ser pagos.

Apesar de considerar essa possibilidade, Biden se mostrou cético, enquanto Yellen também se referiu a uma "incerteza jurídica" e ao "prazo apertado".

O negociador do Partido Republicano Patrick McHenry descreveu o que considera uma "situação muito difícil" para se chegar a um acordo que supere um Congresso dividido e se transforme em lei nos próximos 10 dias.

Assim como quase todas as grandes economias, os Estados Unidos vivem de crédito. Entretanto, nos Estados Unidos é uma prerrogativa do Congresso votar o aumento do teto da dívida pública que a maior economia do mundo está autorizada a acumular.

O que inicialmente era uma formalidade, tornou-se agora uma batalha política.

(O.Joost--BBZ)