China encerra sessão parlamentar dominada por dificuldades econômicas
A China encerrou nesta segunda-feira (11) sua sessão parlamentar anual, um evento essencial em que os políticos se comprometeram a combater a crise no setor imobiliário e o desemprego com o objetivo de relançar a segunda maior economia do mundo.
O gigante asiático, que registrou taxas de crescimento extraordinárias nas décadas 1990 e 2000, estimou um número muito mais modesto de "em torno de 5%" para 2024, na abertura da grande sessão anual do Parlamento chinês na semana passada.
O Governo admitiu que atingir esta meta não será "fácil" e que os "riscos econômicos latentes" em determinados setores continuavam arrastando a economia do país. Entretanto, não especificou como pretende enfrentar estes desafios.
Os deputados da Assembleia Popular Nacional (APN), reunidos a portas fechadas nesta segunda, votaram formalmente em vários projetos de lei durante a sessão de encerramento.
Entre os textos votados está uma revisão da lei orgânica (que organiza os poderes administrativos) que, segundo a imprensa estatal, pretende confirmar mais formalmente o controle do Partido Comunista sobre o governo.
Poucos deputados se abstiveram ou votaram contra.
- Tarefa "difícil" -
Durante a sessão, os líderes parlamentares pediram a votação de leis de segurança em 2024 para "salvaguardar" a "soberania".
Contudo, a economia foi o tema central das "Duas Sessões", como são chamadas as reuniões simultâneas que celebram durante uma semana entre a APN e um órgão consultivo, a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
Diversos ministros solicitaram mais medidas para impulsionar o emprego e estabilizar o setor imobiliário em crise, com preços em baixa há meses.
"A pressão geral sobre o emprego não diminuiu e ainda existem contradições estruturais a serem resolvidas", ressaltou o ministro de Recursos Humanos e Segurança Social, Wang Xiaoping, em uma coletiva de imprensa no sábado.
"Alguns trabalhadores enfrentam desafios e problemas trabalhistas, e são necessários mais esforços para estabilizar o emprego", acrescentou.
O ministro da Habitação, Ni Hong, reconheceu, por sua vez, que estabilizar o mercado imobiliário continua sendo uma "tarefa muito difícil".
Para além dos pedidos dos políticos, analistas afirmaram que não foram anunciados grandes planos de recuperação de que a economia chinesa necessita.
"Para reviver a economia, é necessário impulsionar a renda interna, algo que as autoridades chinesas ainda não estão dispostas a fazer", comentaram analistas da Trivium, em nota.
Ao longo da semana das "Duas sessões", as autoridades se mostraram relutantes em responder perguntas sobre as dificuldades políticas na China.
Na semana passada, quebraram uma tradição de décadas ao cancelar uma coletiva de imprensa do primeiro-ministro, um evento inadiável organizado ao final de cada sessão parlamentar desde os anos 1990.
A hashtag referente ao cancelamento da coletiva foi retirada dos resultados de busca na rede social Weibo.
(S.G.Stein--BBZ)