Polícia do Haiti ataca reduto de gangue liderada por 'Barbecue'
A Polícia do Haiti apreendeu armas e desbloqueou ruas em um bairro de Porto Príncipe controlado pela gangue liderada por Jimmy Chérizier, o "Barbecue", em uma operação que deixou vários criminosos mortos, informaram as autoridades neste sábado (16), dia em que o consulado honorário da Guatemala também foi saqueado.
Na noite de sexta-feira, várias unidades da polícia realizaram uma operação no distrito de Bas Delmas com o objetivo de desbloquear uma via, afirmou Lionel Lazarre, coordenador do Sindicato Nacional da Polícia Haitiana (Synapoha). Vários "bandidos" morreram, disse.
Em um comunicado posterior, a polícia indicou que os agentes trocaram tiros com homens da gangue de Chérizier e que conseguiu apreender armas, além de desbloquear com sucesso as ruas.
"Novas estratégias estão sendo implementadas pela polícia visando recuperar certas áreas ocupadas nos últimos dias por essas gangues armadas, para facilitar o livre deslocamento dos cidadãos pacíficos", diz o comunicado, sem fornecer mais detalhes.
Uma fonte da Autoridade Portuária Nacional também indicou à AFP que a polícia estava tentando recuperar o controle do principal porto da capital haitiana no sábado de manhã, diante de um novo ataque de criminosos que saquearam diversos contêineres.
A Caribbean Port Services S.A., que opera esse terminal marítimo de Porto Príncipe, havia anunciado em 7 de março a suspensão de suas atividades devido a "problemas de ordem pública", indicando que havia sido alvo de "atos maliciosos de sabotagem e vandalismo desde 1º de março.
- Consulado da Guatemala saqueado -
A capital do Haiti tem sido palco de uma onda de violência por parte de gangues criminosas nas últimas semanas e a situação ainda era "explosiva" na sexta-feira, segundo a ONU, enquanto os haitianos aguardam a criação de um conselho presidencial de transição após o anúncio da renúncia do controverso primeiro-ministro Ariel Henry.
O chancelaria da Guatemala informou neste sábado que seu consulado honorário em Porto Príncipe foi saqueado, embora não tenha havido vítimas ou perda de documentos, pois a papelada oficial havia sido transferida para a República Dominicana devido à deterioração da segurança.
O cônsul honorário, de nacionalidade haitiana, não ficou ferido, disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores à AFP.
A Guatemala não possui embaixada ou consulado-geral em Porto Príncipe. Os assuntos diplomáticos são tratados por seu representante na República Dominicana, Javier Zepeda, que também atua como embaixador concomitante no Haiti, explicou a fonte.
As gangues controlam áreas inteiras do Haiti, incluindo 80% da capital, e são acusadas de homicídios, roubos, estupros e extorsões mediante sequestros.
Uma cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom) com representantes da ONU alcançou esta semana, na Jamaica, um acordo que prevê a formação de um conselho presidencial transitório como uma saída para a crise do país.
(T.Burkhard--BBZ)