Berliner Boersenzeitung - Vítimas de Al Fayed contam realidade cotidiana de agressão sexual, ameaças e medo

EUR -
AED 3.996506
AFN 72.900955
ALL 98.308217
AMD 421.18485
ANG 1.962247
AOA 992.329453
ARS 1080.181434
AUD 1.648531
AWG 1.958544
AZN 1.857939
BAM 1.951173
BBD 2.198287
BDT 130.111476
BGN 1.956591
BHD 0.410043
BIF 3149.991364
BMD 1.08808
BND 1.432642
BOB 7.540328
BRL 6.302264
BSD 1.088718
BTN 91.571688
BWP 14.498022
BYN 3.563249
BYR 21326.366401
BZD 2.194656
CAD 1.511963
CDF 3094.499133
CHF 0.940172
CLF 0.037633
CLP 1038.41996
CNY 7.73222
CNH 7.746362
COP 4803.87284
CRC 558.775019
CUC 1.08808
CUP 28.834118
CVE 110.603516
CZK 25.336699
DJF 193.3737
DKK 7.458603
DOP 65.774638
DZD 144.733286
EGP 53.392866
ERN 16.321199
ETB 131.77079
FJD 2.476416
FKP 0.832565
GBP 0.839508
GEL 2.975906
GGP 0.832565
GHS 17.800855
GIP 0.832565
GMD 77.8544
GNF 9390.129613
GTQ 8.412053
GYD 227.985681
HKD 8.458929
HNL 27.278588
HRK 7.495815
HTG 143.28025
HUF 408.070771
IDR 17161.033261
ILS 4.081584
IMP 0.832565
INR 91.532868
IQD 1425.384693
IRR 45813.605196
ISK 148.925795
JEP 0.832565
JMD 172.032073
JOD 0.771557
JPY 165.731956
KES 140.362613
KGS 93.357036
KHR 4433.92573
KMF 492.35874
KPW 979.271681
KRW 1500.402352
KWD 0.333431
KYD 0.907373
KZT 532.008489
LAK 23872.473319
LBP 97491.960445
LKR 319.203098
LRD 208.748593
LSL 19.05177
LTL 3.212817
LVL 0.658168
LYD 5.233375
MAD 10.714325
MDL 19.43545
MGA 5021.488734
MKD 61.626889
MMK 3534.041131
MNT 3697.295593
MOP 8.716771
MRU 43.523418
MUR 50.084443
MVR 16.759449
MWK 1888.364769
MXN 21.88825
MYR 4.748922
MZN 69.534196
NAD 19.052337
NGN 1788.575322
NIO 40.014105
NOK 11.970859
NPR 146.514621
NZD 1.818666
OMR 0.418924
PAB 1.088848
PEN 4.100157
PGK 4.362659
PHP 63.604756
PKR 302.322999
PLN 4.35896
PYG 8574.667539
QAR 3.961265
RON 4.975758
RSD 117.039324
RUB 107.716482
RWF 1484.141009
SAR 4.086665
SBD 9.037832
SCR 14.742944
SDG 654.466525
SEK 11.670305
SGD 1.435493
SHP 0.832565
SLE 24.726642
SLL 22816.488369
SOS 621.293686
SRD 37.980509
STD 22521.057486
SVC 9.526411
SYP 2733.833729
SZL 19.052206
THB 36.642724
TJS 11.595724
TMT 3.819161
TND 3.371955
TOP 2.548391
TRY 37.375003
TTD 7.380702
TWD 34.80169
TZS 2933.325215
UAH 45.127108
UGX 3984.551734
USD 1.08808
UYU 45.362435
UZS 13943.744408
VEF 3941626.666042
VES 46.573125
VND 27577.385532
VUV 129.179066
WST 3.047912
XAF 654.423259
XAG 0.032257
XAU 0.0004
XCD 2.94059
XDR 0.817883
XOF 653.386429
XPF 119.331742
YER 271.856803
ZAR 19.061414
ZMK 9794.022753
ZMW 29.20655
ZWL 350.36129
Vítimas de Al Fayed contam realidade cotidiana de agressão sexual, ameaças e medo
Vítimas de Al Fayed contam realidade cotidiana de agressão sexual, ameaças e medo / foto: BENJAMIN CREMEL - AFP

Vítimas de Al Fayed contam realidade cotidiana de agressão sexual, ameaças e medo

Centenas de mulheres acusaram Mohamed Al Fayed de agressão sexual e estupro após a exibição de um documentário da BBC em setembro. Entre elas, Jen e Cheska contaram à AFP a violência que sofreram, assim como a lei do silêncio imposta pelo ex-dono da Harrods.

Tamanho do texto:

"Parecia um trabalho dos sonhos", relata Jen, que tinha 16 anos quando começou a trabalhar na Harrods, a grande loja de departamentos londrina, que na época representava o máximo do glamour e pertencia ao magnata egípcio Al Fayed.

Jen trabalhou na Harrods de 1986 a 1991.

Cheska Hill-Wood entrou na loja de departamentos aos 19 anos, em 1994. Al Fayed, falecido no ano passado aos 94 anos, estava presente em sua primeira entrevista de trabalho.

A jovem estudante de belas-artes acredita que os colaboradores de Al Fayed a contactaram após verem sua foto em uma revista. "Suponho que meu rosto atendia às exigências", comenta.

Naquele momento, ela esperava ter uma experiência de trabalho "extraordinária". "Era jovem e ingênua", comenta ela agora.

Após serem contratadas, tanto Jen (que pediu para não ter seu sobrenome revelado) quanto Cheska tiveram que se submeter a um exame ginecológico realizado por um médico da Harrods.

O médico "queria saber se estava 'limpa'", diz Jen, hoje com 54 anos. "Quando lhe perguntei o que isso significava, ele me disse que precisava saber se era virgem", acrescentou.

- "Chocada" -

Mohamed Al Fayed logo lhe exigiu que não tivesse namorado: "Não nos era permitido ter relações sexuais com ninguém", lembra Jen.

Sem querer "entrar em detalhes", ela conta que durante os cinco anos em que trabalhou na Harrods sofreu "várias agressões sexuais", como uma tentativa de estupro no escritório de Mohamed Al Fayed e outra na casa em Londres do magnata em Park Lane.

Na época, ela não contou nada a ninguém. "Eu me sentia envergonhada e chocada demais", diz Jen, que assim como tantas outras mulheres que acusam Al Fayed relata que suas palavras e gestos no escritório eram registrados por escuta telefônica e vigiados por câmeras.

Quando iniciou às escondidas um relacionamento afetivo, Mohamed Al Fayed a chamou e lhe mostrou uma lista de lugares aos quais ela tinha ido com o namorado.

"Isso me fez perceber que não estava paranoica: realmente estavam me seguindo", afirma.

"Achava que era a única que passava por isso", continua Jen, que agora se diz "horrorizada" com o número de mulheres que acusam Al Fayed de abusos.

Só em 19 de setembro, quando a BBC exibiu o documentário "Al Fayed: um predador na Harrods", contou ao seu marido e a seus pais o calvário que tinha vivido havia mais de três décadas.

Após a exibição do filme, a Harrods, que passou para mãos cataris em 2010, "condenou energicamente" a conduta de seu ex-proprietário e se desculpou por ter "abandonado" as vítimas.

Desde 19 de setembro, a Harrods mantém diálogos com "mais de 250" delas para chegar a um acordo extrajudicial.

- Um "monstro" impune -

Cheska Hill-Wood contou à sua mãe o ocorrido imediatamente depois de ter sido agredida. A jovem queria ser atriz e Mohamed Al Fayed se ofereceu para apresentá-la ao seu filho, Dodi, produtor de cinema.

Uma noite, ao sair do escritório, Al Fayed a levou a seu quarto com o pretexto de submetê-la a um teste para um filme sobre Peter Pan.

Precisou vestir rouba de banho e declamar diante de uma câmera o suposto trecho de um roteiro, que se limitava a uma única frase: "Por favor, me possua, me possua".

O então sexagenário a asseou e beijou à força. Cheska conseguiu fugir e não voltou mais a pisar nem no escritório, nem na Harrods.

Tanto Jen quanto Cheska contaram rapidamente o ocorrido à imprensa.

Jen fez seu relato à revista Vanity Fair nos anos 1990. Exigiu o anonimato, mas o encarregado de segurança da Harrods entrou em contato com ela para ameaçá-la, assim como à sua família.

Al Fayed processou a revista por difamação, mas o caso foi resolvido mediante um acordo após a morte de seu filho, Dodi, ao lado da princesa Diana, em 1997, "por respeito a um pai em luto".

Cheska também deu seu testemunho na década de 1990 a um documentário que nunca chegou a ser exibido.

Em 2017, voltou a fazê-lo, desta vez abertamente, para a emissora de TV britânica Channel Four. "Mas depois, não aconteceu nada (...) A polícia não investigou" Mohamed Al Fayed e ela lembra ter se sentido desesperada.

Ambas contam a "raiva" que sentiram quando Al Fayed morreu no ano passado. "Este monstro absoluto morreu sem ser julgado", diz Cheska, que agora tem 50 anos.

Cheska espera agora que a justiça aja contra "todas as pessoas que fizeram o trabalho sujo para ele, como arranjar consultas médicas e recrutar mulheres".

(A.Lehmann--BBZ)