Berliner Boersenzeitung - Milei promete que inflação será uma 'lembrança ruim' na Argentina

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Milei promete que inflação será uma 'lembrança ruim' na Argentina
Milei promete que inflação será uma 'lembrança ruim' na Argentina / foto: Nicolas GARCIA - AFP

Milei promete que inflação será uma 'lembrança ruim' na Argentina

O presidente argentino, Javier Milei, prometeu, nesta terça-feira (10), que a inflação será "uma lembrança ruim", em um discurso no qual disse aos argentinos que sofreram com o impacto do ajuste fiscal de seu primeiro ano de governo que "tempos felizes virão".

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"Estamos cada dia mais perto de a inflação ser pouco mais que uma lembrança ruim", disse Milei, ao comemorar a evolução da inflação de 25,5% ao mês em dezembro do ano passado - quando depreciou o peso em 52% - para 2,7% em outubro, segundo o último dado oficial disponível.

"Passamos pela prova de fogo [...] Tempos felizes virão na Argentina", disse o presidente, ao iniciar seu discurso gravado, no qual aparece em seu gabinete, ladeado por sua irmã e secretária da Presidência, Karina Milei, e seus ministros.

O economista ultraliberal prometeu ir além no próximo ano, quando empreenderá reformas fiscais, previdenciárias, trabalhistas, de segurança nacional, criminais e políticas "e outras tantas reformas que o país precisa há décadas".

Pela manhã, Milei se reuniu com dirigentes da Sociedade Rural Argentina, entidade composta por grandes proprietários de terra da Argentina, um dos principais produtores de alimentos do mundo, a quem prometeu reduzir impostos sobre as exportações no próximo ano.

- Acordo com EUA -

Milei também garantiu que, durante a recém-assumida presidência semestral do Mercosul, bloco cofundado em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, buscará "aumentar a autonomia dos integrantes do organismo diante do resto do mundo".

"Nesta linha, nosso primeiro objetivo será impulsionar, durante o próximo ano, um tratado de livre-comércio com os Estados Unidos", prosseguiu, sem esclarecer se negociará este acordo sozinho ou em conjunto com o bloco, que não admite negociações bilaterais sem a anuência dos outros sócios.

Milei disse, ainda, que esse tratado "deveria ter ocorrido há 19 anos". "Todo esse crescimento nos foi tirado com a simples assinatura de um grupo de burocratas", acrescentou.

Em 2005, liderados pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez, cujo país era na época Estado associado do Mercosul, os dirigentes do bloco rejeitaram a assinatura da Alca, Área de Livre-Comércio das Américas, impulsionada pelos Estados Unidos.

Em apenas um mês de governo, Milei apresentou o primeiro superávit fiscal em uma década e o risco país caiu de 3 mil pontos para menos de 740.

O presidente eliminou mais de 30 mil postos de trabalho no setor público, enxugou ministérios e agências estatais, paralisou obras públicas e endureceu a repressão para sufocar protestos.

Apesar de duas greves gerais e de algumas manifestações tensas -- especialmente em defesa da universidade pública -- Milei conta com um apoio estável que confunde seus críticos: tem uma imagem positiva para cerca de 45% a quase 50% da população, segundo pesquisas recentes.

- Impacto social -

Embora haja "um sucesso fundamental" em termos de estabilização econômica, "o custo socioeconômico tem sido alto. A questão é se são custos temporários ou duradouros", disse Gabriel Vommaro, sociólogo da Universidade Nacional de San Martín.

A pobreza aumentou 11 pontos percentuais durante os primeiros seis meses do governo de Milei, uma escalada histórica, para atingir 52,9%, segundo os dados mais recentes do instituto de estatísticas Indec.

 

Também vetou uma lei que aumentava o orçamento para a educação universitária e congelou bolsas de estudos e de pesquisa científica.

Além disso, mais de 260 mil postos de trabalho foram perdidos este ano e o consumo caiu mais de 20%, embora mostre sinais de recuperação, segundo o relatório.

Enquanto estas transformações econômicas e sociais ocorriam, Milei travou uma "batalha cultural" contra políticos e jornalistas, a quem chamou de corruptos; a justiça social, que considera "uma aberração"; e o Estado, que ele diz querer destruir "a partir de dentro".

Segundo uma pesquisa da consultoria Zubán Córdoba feita em setembro, 65,7% dos argentinos acreditam que "o ódio e a intolerância estão aumentando" com o governo de Milei.

(A.Lehmann--BBZ)