Rubiales na mira da justiça desportiva e penal da Espanha
O Tribunal Administrativo do Esporte (TAD) da Espanha pode abrir nesta segunda-feira (28) um processo contra o presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, que já é alvo de uma investigação do Ministério Público do país, após dar um beijo na boca da jogadora Jenni Hermoso.
O TAD estaria seguindo os passos da Fifa, depois da denúncia apresentada na última sexta-feira pelo Conselho Superior de Esportes (CSD), órgão do Governo espanhol.
No sábado, a Fifa suspendeu Rubiales "de toda atividade relacionada ao futebol em nível nacional e internacional" por um período inicial de 90 dias, enquanto tramita o processo disciplinar aberto contra ele.
Se o TAD decidir abrir um procedimento contra Rubiales, a Comissão Diretora do CSD poderá decidir por sua suspensão.
O CSD apresentou uma denúncia no TAD por duas "infrações muito graves" e "atos que atentam contra a dignidade e decoro esportivos", solicitando a suspensão cautelar do dirigente, cuja atitude de resistência no cargo colocou o futebol espanhol de cabeça para baixo.
- Investigação penal -
Além da justiça desportiva, na via penal o Ministério Público da Espanha abriu uma investigação por um "suposto crime de assédio sexual".
A principal instância penal do país se baseia nas "manifestações públicas" da jogadora, mas entrará em contato com a mesma para oferecer a possibilidade de formalizar uma denúncia, um passo chave para o processo avançar.
Rubiales beijou Jenni Hermoso na boca durante a cerimônia de entrega de medalhas da Copa do Mundo, vencida pela Espanha, o que gerou inúmeras críticas e reações mundo afora.
"Eu me senti vulnerável e vítima de uma agressão", afirmou Hermoso na última sexta-feira, depois de Rubiales ter afirmado que o beijo tinha sido "espontâneo, mútuo, eufórico e consentido".
"O que aconteceu não representa a sociedade espanhola. Nosso país é exemplar na igualdade", disse nesta segunda-feira a número 3 do Governo espanhol, Yolanda Díaz, que pediu à RFEF que cumpra as normas de igualdade e paridade renovando sua estrutura para dar mais espaço às mulheres.
"A paridade é a chave para a luta contra a violência machista, mas também contra os estereótipos machistas que, como estamos vendo, parecem normais na federação", afirmou.
- Reunião da RFEF -
A presidente da Liga feminina, Beatriz Álvarez, pediu a demissão de todos os que aplaudiram o discurso em que Rubiales se nega a renunciar.
Entre eles estavam o treinador da seleção feminina, Jorge Vilda, cuja comissão técnica pediu demissão em protesto contra a decisão de Rubiales de se manter no cargo, e o da masculina, Luis de la Fuente.
Posteriormente, ambos consideraram "inaceitável" a atitude do dirigente, quando foi suspenso pela Fifa.
"Os treinadores que aplaudiram o senhor Rubiales não estão capacitados para continuar em seus cargos", disse Yolanda Díaz.
A situação de Vilda e De la Fuente pode ser uma das questões a abordar na reunião "extraordinária e urgente" convocada para esta segunda-feira pelo presidente interino da RFEF, Pedro Rocha.
A cúpula da federação estaria disposta a manter De la Fuente, que na próxima sexta-feira convocará a seleção masculina para os jogos contra Geórgia e Chipre pelas Eliminatórias para a Eurocopa de 2024, segundo a rádio Cadena SER.
A reunião da RFEF foi convocada para fazer uma "análise da situação atual e avaliação das decisões ou atitudes a tomar", após a suspensão aplicada a Rubiales pela Fifa.
Em Montril, na região da Andaluzia (sul), a mãe de Luis Rubiales, Ángeles Béjar, iniciou uma greve de fome em uma igreja da cidade até Hermoso "dizer a verdade" e denunciou uma campanha de "assédio" e tentativa de derrubar seu filho.
(H.Schneide--BBZ)