Biden garante que EUA não vai entrar em default
O presidente americano, Joe Biden, garantiu, nesta quinta-feira (25), que os Estados Unidos vão conseguir evitar um default, mesmo depois de os legisladores terem iniciado seu recesso de dez dias sem chegar a um acordo sobre o aumento do limite de endividamento do país.
Falta uma semana para 1º de junho, data a partir da qual o governo pode começar a ficar sem dinheiro para honrar suas dívidas, o que poderia provocar um terremoto nos mercados globais.
No entanto, membros do Congresso saíram de férias para aproveitar o feriado prolongado do Dia dos Veteranos e não se espera que voltem antes de 4 de junho.
"Não vai haver um default", garantiu Biden na Casa Branca, acrescentando que suas negociações com o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, têm sido "produtivas".
Mas o líder da minoria democrata na Casa, Hakeem Jeffries, criticou os republicanos, acusando-os de abandonar o trabalho em Washington e "correrem o risco de um calote perigoso em uma crise que eles mesmos criaram".
"Esses republicanos vão dizer que Joe Biden se negou a se sentar (para negociar) com eles", acrescentou. "Essa é uma narrativa falsa".
Os representantes republicanos exigem cortes nos gastos públicos de até 130 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 650 bilhões na cotação atual) em troca de votar pelo aumento do teto da dívida. Também querem requisitos mais estritos para os solicitantes de subsídios e recuperar fundos de ajuda não gastos na pandemia de covid-19.
Os democratas rejeitam os cortes e querem que os republicanos apoiem incondicionalmente o aumento do teto de emissão da dívida, como fizeram dezenas de vezes antes.
- Preparação militar -
Há meses, economistas preveem desastres econômicos se os Estados Unidos entrarem em default. Nesta quinta, foi a vez de um alto comandante militar do Pentágono alertar que o calote teria "um impacto significativamente alto nas tropas".
"A preparação seria afetada claramente. Assim, nossos exercícios em larga escala demorariam ou, em muitos casos, parariam", disse à imprensa Mark Milley, chefe do Estado-maior Conjunto.
McCarthy afirmou que os legisladores devem voltar em caráter de urgência a Washington se um acordo for alcançado em sua ausência, pois precisa ser votado na Câmara.
O legislador afirmou que não vai aceitar a ideia do governo Biden de impor aumentos de impostos aos ricos como alternativa aos cortes para reduzir a carga da dívida nacional, que passa dos 31 trilhões de dólares (cerca de R$ 155 trilhões, na cotação atual).
McCarthy mencionou uma pesquisa da rede CNN, publicada esta semana, segundo a qual 60% dos consultados disseram que um aumento do teto da dívida deveria ser acompanhado de cortes, embora 51% dos entrevistados em uma consulta da universidade de Monmouth afirmaram que gostariam de desvincular os dois temas.
"Sabemos onde estão nossas diferenças e continuaremos na mesa para tentar resolver o problema", disse McCarthy.
- 'Crise fabricada' -
O chefe de gabinete da Casa Branca, Jeff Zients, sugeriu que os protestos republicanos sobre os gastos do governo são pouco sinceros. Zients destacou o plano republicano para estender os cortes de impostos durante o governo de Donald Trump que, segundo os democratas, adicionariam 3,5 trilhões de dólares (R$ 17,4 trilhões) à dívida.
Aumentar o teto de endividamento não repercute nos gastos futuros. Só autoriza o governo a honrar compromissos já aprovados e executados.
O vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, disse a investidores em uma conferência em Washington que a ameaça de calote é uma "crise fabricada", que já encarece os empréstimos e custa dinheiro aos americanos.
Se o processo não for acelerado, qualquer acordo exigiria pelo menos dez dias para ser aprovado pela Câmara de Representantes e o Senado antes de chegar à mesa de Biden para ser promulgado.
Pagamentos à Previdência Social no valor de cerca de 25 bilhões de dólares (cerca de 125 bilhões de reais), previstos para 2 de junho, poderiam ser interrompidos.
(L.Kaufmann--BBZ)