Bombardeios continuam na capital do Sudão, apesar das sanções dos EUA
O fogo de artilharia continua abalando a capital do Sudão nesta sexta-feira (2), apesar das sanções anunciadas pelos Estados Unidos contra o Exército e paramilitares que disputam o poder.
Os bombardeios continuaram durante toda a noite em torno da sede da televisão estatal em Cartum, disseram vários moradores à AFP.
Os confrontos entre o Exército do general Abdel Fatah al Burhan e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR) liderados pelo general Mohamed Hamdan Daglo começaram em 15 de abril, deixando mais de 1.800 mortos e mais de 1,5 milhão de deslocados.
Os Estados Unidos, que junto com a Arábia Saudita tentaram fazer a mediação entre os dois lados, anunciaram na quinta-feira sanções contra quatro empresas: dois grupos de armas do Exército, e mais duas empresas, uma delas ligada a minas de ouro no Sudão, controladas pelos paramilitares.
Poucas horas depois do anúncio das sanções, o Exército anunciou a chegada a Cartum de novas tropas de outras regiões do país.
Segundo a pesquisadora Kholood Khair, o Exército estaria se preparando para lançar uma grande ofensiva em um futuro próximo. "Quer obter vitórias militares para estar em uma posição melhor, caso as negociações sejam retomadas", afirmou.
Durante quase um mês, emissários de ambos os lados negociaram para chegar a uma trégua na cidade saudita de Jidá, com a mediação dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.
Mas as tréguas que assinaram foram sistematicamente violadas.
Antes deste novo conflito, o Sudão já era um dos países mais pobres do mundo. Agora, depois de várias semanas de guerra, 25 milhões dos 45 milhões de sudaneses não podem mais sobreviver sem ajuda humanitária, segundo a ONU.
Além disso, 75% dos hospitais do país está fora de serviço e os que ainda funcionam quase não têm material.
As Nações Unidas devem abordar nesta sexta-feira o futuro da sua missão no Sudão, cujo mandato termina oficialmente no sábado (3).
O general Burhan exige que o chefe da missão, Volker Perthes, seja substituído, e a maioria de seus integrantes foi retirada do país africano no início da guerra.
Antes de entrar em conflito aberto, Burhan e Daglo cometeram um golpe de Estado juntos para derrubar civis do poder em 2021. Dois anos antes, sob a pressão de uma grande mobilização popular, o Exército havia derrubado o ditador Omar al-Bashir, que estava no poder há três décadas.
(K.Lüdke--BBZ)