Petro viaja a Cuba para firmar avanço pela paz com ELN
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, deve chegar a Havana nesta quinta-feira (8) para assinar um acordo com o ELN que permite avançar "sem retrocesso" rumo à paz, com um possível cessar-fogo.
Petro presidirá o encerramento da terceira rodada de negociações entre o governo e o Exército de Libertação Nacional (ELN), iniciada em 2 de maio em Havana.
"Amanhã vou a Cuba, vou assinar um papel que pode significar o início sem retrocesso de uma era de paz neste país", anunciou o presidente em um discurso na quarta-feira diante de milhares de simpatizantes no centro de Bogotá.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez, disse à mídia colombiana que conversou com seus colegas de governo "sobre os termos do cessar-fogo".
"Esperamos que possa ser assinado", disse Velásquez. O exército "fez algumas observações que esperamos que tenham sido aceitas", acrescentou.
No final de 2022, Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia e ex-guerrilheiro, promoveu esse processo que começou em novembro na Venezuela e continuou em março no México.
Na segunda-feira, Petro postou em sua conta no Twitter a foto de uma reunião com a "cúpula militar" e seus negociadores com a guerrilha. Ao fundo da imagem havia um slide sobre um "acordo de cessar-fogo bilateral" que começaria na quinta-feira, mas a imagem foi apagada de sua conta minutos depois e após vários usuários daquela rede social terem notado o texto.
Após a reunião, o negociador-chefe do Executivo, Otty Patiño, disse à imprensa que o governo está avaliando um cessar-fogo "por seis meses", sem especificar quando a trégua começaria.
O andamento dessas negociações estava paralisado desde janeiro, quando a guerrilha guevarista rejeitou o cessar-fogo bilateral de seis meses que o presidente havia anunciado na véspera de Ano Novo.
Os rebeldes argumentaram então que o cessar-fogo não havia sido acordado na mesa de negociações e desde então as agressões armadas entre as duas partes não cessaram.
Incluindo um ataque no final de março com armas longas e explosivos que deixou dez soldados mortos perto da fronteira com a Venezuela e que colocou o processo de negociação na corda bamba.
A visita de Petro a Havana ocorre três dias depois que a Promotoria colombiana anunciou a suspensão do mandado de prisão contra Antonio García, principal líder desse grupo guerrilheiro fundado em 1964, inspirado na revolução cubana.
As negociações com o ELN começaram em 2018 em Havana, durante o governo de Juan Manuel Santos (2010-2018), mas o processo foi enterrado por seu sucessor Iván Duque (2018-2022), após o atentado com carro-bomba contra uma escola de polícia que deixou 22 mortos.
(G.Gruner--BBZ)