Blinken se reúne com presidente chinês e recebe alerta: 'cooperação ou conflito'
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu nesta segunda-feira (19) com o presidente chinês, Xi Jinping, pouco depois de o chefe da diplomacia de Pequim alertar que as duas potências devem escolher entre "cooperação ou conflito".
O encontro entre Blinken e Xi aconteceu no segundo e último dia da visita de Blinken a Pequim, que temo como objetivo reduzir as tensões entre as duas maiores economias do planeta.
A relação entre Estados Unidos e China enfrenta problemas por diversas questões, como o apoio de Washington à ilha autônoma de Taiwan, que Pequim considera parte do país, a rivalidade no setor de tecnologia, as reivindicações territoriais da potência asiática no Mar da China Meridional ou o tratamento dos uigures, uma minoria muçulmana do noroeste da China.
"A viagem do senhor secretário de Estado a Pequim acontece em um momento crítico nas relações China-Estados Unidos", afirmou o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, a Blinken, de acordo com o canal estatal CCTV.
"É necessário escolher entre o diálogo e o confronto, a cooperação ou o conflito", declarou Wang, que estimulou a retomada de um caminho "saudável" na relação bilateral e o "trabalho conjunto" para que China e Estados Unidos tenham uma boa relação.
Wang Yi aproveitou a oportunidade para reafirmar a posição de seu país a respeito de Taiwan.
Nos últimos meses, os contatos entre Washington e as autoridades taiwanesas, procedentes de um partido independentista, irritaram Pequim, que respondeu com exercícios militares de grande envergadura ao redor da ilha de governo democrático.
O governo comunista chinês considera Taiwan uma ilha rebelde, que não conseguiu reunificar com o restante de seu território desde o fim da guerra civil chinesa em 1949.
"A manutenção da unidade nacional permanece no núcleo dos interesses fundamentais da China e, nesta questão, a China não tem margem para transigir ou ceder", enfatizou Wang.
O secretário de Estado americano foi recebido no domingo pelo ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, que na hierarquia do governo chinês está abaixo de Wang Yi.
O encontro durou sete horas e meia, mais do que o tempo inicialmente previsto, e as duas partes concordaram em manter as linhas de comunicação abertas para evitar futuros conflitos.
- Evitar conflitos -
Os dois países informaram no domingo que Qin aceitou um convite para visitar Washington em breve.
As conversas de domingo foram "sinceras, substantivas e construtivas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
Blinken destacou "a importância da diplomacia e de manter abertos os canais de comunicação sobre todos os temas para reduzir o risco de percepções e os erros de cálculo", acrescentou Miller.
A portas fechadas, Qin disse a Blinken que as relações entre Estados Unidos e China "estão no ponto mais baixo desde que as relações diplomáticas foram estabelecidas" em 1979, de acordo com a CCTV.
"Isto não está de acordo com os interesses fundamentais dos dois povos, nem atende às expectativas comuns da comunidade internacional", acrescentou Qin.
Xi Jinping se mostrou conciliador na semana passada ao receber Bill Gates, o bilionário americano do setor de tecnologia que se tornou um filantropo.
"Você é o primeiro amigo americano que encontro em Pequim este ano. Nós sempre depositamos nossas esperanças no povo americano e esperamos que a amizade continue entre os povos dos dois países", disse Xi Jinping na ocasião, segundo a imprensa estatal chinesa.
(K.Lüdke--BBZ)