Bolsonaro pede 'julgamento justo' antes de decisão que pode torná-lo inelegível
O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu nesta quarta-feira (20) um "julgamento justo", um dia antes de a corte eleitoral começar a decidir o seu destino em um processo que pode torná-lo inelegível e impedir a sua participação nas eleições presidenciais de 2026.
"Não tem materialidade nenhuma no processo. Não podemos ter outro resultado a não ser o arquivamento dessa ação (...) Peço aos senhores ministros que façam um julgamento justo", disse o ex-presidente em entrevista à rede de TV CNN Brasil.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgará Bolsonaro a partir de amanhã, por críticas ao sistema de votação eletrônica durante uma reunião com embaixadores em julho de 2022, antes das eleições presidenciais em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Em seu discurso perante os diplomatas no Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou, sem provas, que buscava "corrigir falhas" do sistema de urnas eletrônicas com a "participação das Forças Armadas". Ele insinuou que a suposta vulnerabilidade do sistema poderia ser usada para manipular o resultado eleitoral contra ele.
Horas antes de ser julgado, no entanto, Bolsonaro negou que aquele discurso representasse "ataques" ao sistema de votação e afirmou que se limitou a expor "como as urnas funcionam" para os embaixadores, "que não votam".
É praticamente certo que Bolsonaro, 68 anos, será condenado, disseram à AFP duas fontes judiciais que acompanharam o caso.
Se os membros do TSE não chegarem amanhã a uma votação, estão previstas mais duas sessões plenárias, em 27 e 29 de junho. Também não se descarta um adiamento do processo, o que poderia ocorrer se um dos sete juízes do TSE solicitar mais tempo para avaliar sua decisão.
Bolsonaro declarou nesta quarta-feira que "o ideal" seria que algum juiz peça mais tempo de análise no início do julgamento. Por fim, afirmou que, independentemente do resultado do julgamento, deseja continuar exercendo influência na política.
"A gente quer continuar trabalhando, sendo ativo e colaborando com o futuro do Brasil. Temos muito a contribuir, muito a passar para o povo brasileiro", garantiu.
(A.Berg--BBZ)