Coalizão mundial se reúne nos EUA contra fentanil e outras drogas
O governo americano reuniu representantes de um grupo de países, nesta sexta-feira (7), em uma tentativa de combater o fentanil, com a notória ausência de China, acusada de ser a principal fonte das substâncias químicas, com as quais os cartéis mexicanos fabricam esse opioide.
Em reunião virtual, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse a ministros de mais de 80 países que os Estados Unidos acusaram o golpe antes de outros.
Quase 110.000 americanos morreram em 2022 de overdose de drogas, a maioria de opioides sintéticos como o fentanil, até 50 vezes mais potente que a heroína.
"Uma vez que o mercado americano está saturado, as corporações criminosas transnacionais se voltam para outros lugares para expandir seus lucros”, disse Blinken.
“Se não agirmos juntos com extrema urgência, mais cidades ao redor do mundo arcarão com os custos catastróficos” vistos nos Estados Unidos.
A dependência nos Estados Unidos disparou desde a década de 1990, quando as empresas farmacêuticas comercializaram agressivamente analgésicos, com um efeito desproporcional sobre os veteranos das guerras no Iraque e no Afeganistão.
Em resposta, Washington pressionou a China, de onde procede a maior parte do fentanil, para que proíba as exportações, o que fez em 2019.
Mas a China continua sendo um país produtor de produtos químicos (chamados precursores) usados para produzir fentanil. Eles partem para o México e a América Central, onde os cartéis produzem analgésicos, contrabandeando essa carga para os Estados Unidos.
Em um cenário de grande tensão nas relações EUA-China, os congressistas americanos culparam Pequim, publicamente, pela epidemia de opioides e pedem uma ação enérgica.
Todd Robinson, subsecretário do Escritório de Assuntos Internacionais de Entorpecentes e Aplicação, disse que a China foi convidada para a reunião desta sexta-feira e que os Estados Unidos gostariam de vê-la participar de reuniões similares no futuro.
Robinson especificou que Pequim está em contato com os países que participam do encontro, cuja missão é “lutar contra essas cadeias de suprimentos” e “se envolver” com a China.
Blinken reconheceu, implicitamente, que a ação da China não acabará com a epidemia, porque "quando um governo restringe agressivamente um precursor químico, os traficantes simplesmente compram-no em outro lugar".
A coalizão, que se reunirá pessoalmente em setembro à margem da Assembleia Geral da ONU, também examinará as melhores práticas nacionais no tratamento de dependentes químicos. Tratará, ainda, de outras drogas sintéticas, como o captagon, um estimulante semelhante às anfetaminas. Seu consumo tem aumentado nos países árabes, caso da Arábia Saudita, que participou da reunião desta sexta-feira.
(U.Gruber--BBZ)