Zelensky se reúne com Erdogan após obter bombas de fragmentação dos EUA
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, se reuniu, nesta sexta-feira (7), com seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, durante uma ofensiva diplomática para pressionar pela adesão de seu país à Otan, após conseguir um compromisso para o fornecimento de bombas de fragmentação por parte dos Estados Unidos.
A decisão de Washington de fornecer esse tipo de armamento controverso, proibido em grande parte do mundo, mas não na Rússia, nem na Ucrânia, chega em meio à contraofensiva ucraniana para recuperar os territórios conquistados por Moscou desde o início da invasão, que completará 500 dias neste sábado.
"Uma ajuda militar indispensável, vasta e oportuna", escreveu o presidente ucraniano na noite desta sexta nas redes sociais, após o anúncio dos Estados Unidos, país ao qual agradeceu por adotar "medidas decisivas" para "aproximar" o seu país "da paz".
"Sem armas de longo alcance, não é apenas difícil realizar missões ofensivas, mas também, para ser honesto, operações defensivas", disse Zelensky na República Tcheca, país que visitou na quinta-feira após passar pela Bulgária.
De Praga, o chefe de Estado ucraniano seguiu depois para Bratislava (Eslováquia) e Turquia.
Segundo Zelensky, a lentidão no fornecimento de armas atrasou sua contraofensiva e deu tempo para que a Rússia reforçasse suas defesas nos territórios ocupados.
As bombas de fragmentação são armas que explodem no ar dispersando uma grande quantidade de pequenas munições sobre uma área extensa.
- Pressão para entrar na Otan -
Defendendo a decisão do presidente americano Joe Biden, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca alegou que existe "enorme risco de prejuízo para os civis se as tropas russas [...] tomarem mais território ucraniano".
As autoridades russas, por sua vez, ainda não reagiram ao anúncio.
Zelensky também pressionou para que o seu país entrasse na Otan, alegando que a Ucrânia se transformou na última linha de defesa da Europa diante das agressões da Rússia.
Mas, nesta sexta, Sullivan afirmou que Kiev "ainda deve dar mais passos antes da adesão" e "não se unirá" agora, durante a cúpula da aliança militar que acontece na semana que vem na Lituânia.
- Rússia vai monitorar 'muito de perto' -
"Vamos acompanhar muito de perto os resultados dessas conversas", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas.
"Para nós, será interessante averiguar o que foi falado. É importante", acrescentou.
Durante visita de Zelensky à Turquia, nesta sexta, o presidente turco anunciou que seu contraparte russo, Vladimir Putin, fará uma visita oficial a seu país no "próximo mês".
Analistas esperam que Zelensky tente convencer Erdogan a suspender o veto à entrada da Suécia na Otan antes da cúpula na Lituânia, marcada para os dias 11 e 12 de julho.
A Turquia condiciona a suspensão do veto a um endurecimento da posição da Suécia em relação aos militantes opositores curdos exilados no país nórdico, aos quais Ancara classifica como "terroristas".
Espera-se também que Zelensky e Erdogan falem sobre o prolongamento do acordo para a exportação de grãos ucranianos, que vence em 17 de julho.
Os dois desejam estender o pacto alcançado com a Rússia, que permite à Ucrânia exportar seus grãos pelo Mar Negro.
- 'Avança' inspeção da AIEA em Zaporizhzhia -
Por sua vez, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, indicou que há "avanços" na inspeção de várias partes da central nuclear de Zaporizhzhia, no sul de Ucrânia, que está sob controle do Exército russo.
Os funcionários da AIEA visitaram vários lugares, como as piscinas de refrigeração, mas ainda não foram autorizados a supervisionar o telhado, onde a Ucrânia suspeita que os ocupantes russos colocaram artefatos explosivos, indicou Grossi.
Contudo, o diretor-geral da AIEA disse que está "mais ou menos convencido" de que obterá a autorização.
A usina, controlada pelos russos desde março de 2022, é a maior da Europa e foi alvo de disparos e de cortes de eletricidade em diversas ocasiões, uma situação instável que gera temores de um grande acidente nuclear.
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(T.Burkhard--BBZ)