Berliner Boersenzeitung - Ucrânia cumpre os primeiros 500 dias de uma guerra que pode durar muito mais

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Ucrânia cumpre os primeiros 500 dias de uma guerra que pode durar muito mais
Ucrânia cumpre os primeiros 500 dias de uma guerra que pode durar muito mais / foto: Handout - UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE/AFP

Ucrânia cumpre os primeiros 500 dias de uma guerra que pode durar muito mais

O conflito na Ucrânia completou, neste sábado (8), 500 dias desde a invasão russa de fevereiro de 2022, uma guerra que pode durar muito, apesar da lenta contraofensiva em curso de Kiev, que exige mais armas.

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No início de junho, o exército ucraniano lançou uma contraofensiva para reconquistar os territórios ocupados pela Rússia no leste e no sul da Ucrânia.

A tarefa, porém, é difícil, com combates mortais e perdas significativas.

As forças russas impõem resistência com suas poderosas defesas e a Ucrânia necessita de munições de aviação e artilharia.

Os russos "construíram fortificações sólidas, têm muito equipamento", disse Antonina Morakhovska, uma moradora de 73 anos de Nikopol (sul), que acredita que o conflito não irá terminar em breve.

"Vejo como os nossos estão avançando, não é fácil para eles. Nesse calor penso neles o tempo todo, coitados" disse. "Será difícil, mas vamos ganhar de qualquer maneira", afirmou esta professora aposentada.

Apesar dos bilhões de dólares em ajuda militar ocidental, o exército ucraniano conseguiu recuperar apenas algumas centenas de quilômetros quadrados desde o início de sua contraofensiva e libertou cerca de uma dezena de localidades.

Está muito distante das vitórias rápidas do ano passado, quando as forças de Kiev recuperaram mais de 9.000 quilômetros quadrados em nove dias, ao leste de Kharkiv em setembro, e outros 5.000 quilômetros quadrados em novembro, na região de Kherson.

"A ofensiva não está sendo rápida, isso é um fato", reconheceu o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que continua pressionando as potências ocidentais a fornecerem armas de longo alcance e caças F-16.

"Sem armas de longo alcance, é difícil não só realizar missões ofensivas, mas também, para ser honesto, operações defensivas", explicou.

- Ao menos 9.000 mortos -

Longe de Kiev, em um pequeno mercado em Nikopol, Lyudmila Chudinova, de 82 anos, pensa em seu filho de 49 anos, um voluntário que se recupera de uma lesão.

"Estou com muito medo de que depois de se recuperar, ele seja enviado para a linha de frente de novo", disse, com lágrimas nos olhos.

Após 500 dias de conflito, a unidade dos ucranianos permanece intacta, mas cada dia testa sua capacidade de resistência.

De acordo com a ONU, desde a invasão, em 24 de fevereiro de 2022, 9.000 civis, incluindo mais de 500 crianças, foram mortos, apesar de uma defesa aérea significativamente reforçada desde o início do ano.

Em junho, um míssil matou 13 pessoas em um restaurante em Kramatorsk (leste). Na última quinta-feira, outra onda de mísseis matou dez pessoas em Lviv, no oeste, entre muitos outros ataques semelhantes.

A cidade de Nikopol também é alvo frequente das forças russas. Metade de seus 100.000 habitantes a abandonaram.

Ela tem vista para a margem ocidental da represa de Kajovka, localizada a 10 km da usina nuclear de Zaporizhzhia, do outro lado, ocupada pelas tropas de Moscou desde março de 2022.

Nos últimos dias, o espectro de uma catástrofe nuclear pairou sobre a região, quando Ucrânia e Rússia se acusaram mutuamente de ações provocadoras na usina.

Em 6 de junho, um ataque destruiu parte da represa de Kakhovka, causando grandes inundações que mataram dezenas de pessoas e destruíram muitas casas.

Desde esse desastre, muitas localidades da área ficaram sem água, como Nikopol.

Antonina Morakhovska, usando um elegante chapéu branco para se proteger do sol escaldante, foi a um dos pontos de distribuição para pegar garrafas de água potável exatamente quando o alarme de um possível ataque começou a tocar.

"Quando a sirene toca assim, sempre penso a mesma coisa, que os [russos] bastardos estão morrendo lá", disse a aposentada, que vive sob a constante ameaça de bombardeios.

(G.Gruner--BBZ)