Berliner Boersenzeitung - Preocupação na Cisjordânia após bombardeio de escritório da agência da ONU

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Preocupação na Cisjordânia após bombardeio de escritório da agência da ONU
Preocupação na Cisjordânia após bombardeio de escritório da agência da ONU / foto: Jaafar Ashtiyeh - AFP

Preocupação na Cisjordânia após bombardeio de escritório da agência da ONU

Habitantes de Nur Shams, no norte da Cisjordânia ocupada, estão preocupados com o futuro depois que o escritório da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) foi gravemente danificado em um bombardeio israelense.

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Consternados, eles observam os funcionários da agência afundarem as botas no pântano que se tornou a praça central, onde tubulações rompidas expõem o esgoto.

O escritório da UNRWA foi quase destruído na quinta-feira, durante uma operação "antiterrorista" do Exército israelense neste campo, que abriga pelo menos 13 mil pessoas.

"Os refugiados consideram a UNRWA uma mãe, então imagine perder sua mãe", disse Hanadi Jaber Abu Taqa, representante da agência no norte do território, ocupado por Israel desde 1967.

A agência da ONU administra duas escolas, uma clínica e serviços de saneamento básico no campo. Na quinta-feira, seu diretor, Philippe Lazzarini, acusou as forças israelenses de "danificar seriamente" o escritório da UNRWA.

O Exército israelense negou veementemente estas acusações e explicou à AFP que os danos são "provavelmente" relacionados a explosivos detonados por "terroristas".

O escritório da UNRWA deve ser reconstruído, o que representa "um investimento considerável", disse Roland Friedrich, que dirige a agência na Cisjordânia.

"As consequências psicológicas são devastadoras", conclui após falar com moradores locais no sábado.

- "Fins políticos" -

De sua loja de telefonia com a fachada arrancada, Chafic Ahmad Jad observa escavadeiras que coletam escombros e técnicos consertando o cabeamento.

Todo este caos está relacionado, segundo ele, à recente aprovação pelo Parlamento de Israel de uma lei que proíbe "atividades da UNRWA em território israelense".

"Para nós, é a UNRWA ou nada (...), querer liquidá-la é querer liquidar a questão palestina", afirmou.

"A ocupação israelense ataca [a UNRWA] com fins políticos, para abolir o direito" dos palestinos, afirmou Mohammed Saïd Amar, lembrando que os palestinos que fugiram ou foram expulsos após a criação de Israel, em 1948, têm o direito de retornar a seu local de origem.

Segundo o septuagenário, os grupos armados palestinos não utilizam as instalações da UNRWA, que os moradores consideram "sagradas".

Nihaya al-Jundi denunciou as consequências das frequentes incursões israelenses, como "ruas intransitáveis" que isolam os habitantes do campo. Também foi danificado seu centro de acolhimento a pessoas com deficiência, cuja rampa de acesso foi destruída.

Jundi acredita que Nur Shams precisa de "organizações internacionais" como a UNRWA para se reconstruir.

O campo, fundado no início da década de 1950, foi por muito tempo um lugar tranquilo. Nos últimos anos, movimentos armados se estabeleceram, em um contexto de eclosão da violência entre palestinos e israelenses, de insegurança econômica e falta de perspectivas políticas.

- Futuro -

Três dias após a operação militar, a cidade ainda não tem conexão com a internet e algumas das suas principais ruas não estão totalmente acessíveis.

As operações da UNRWA foram retomadas. "A primeira coisa a fazer é anunciar que as escolas estão abertas", explicou Jaber Abu Taqa.

"Para nós, é importante que as crianças voltem ao que consideram um refúgio de paz", disse.

Enquanto caminha pelo campo, muitos se aproximam para desabafar e perguntar sobre o futuro.

"O que aquele cabeleireiro fez para merecer isso?", pergunta um jovem, apontando para um salão de beleza saqueado.

"Ele ficou sem emprego, sem dinheiro, o que vai fazer agora?".

(T.Burkhard--BBZ)