Berliner Boersenzeitung - Clubes ou empresas? Uma discussão que Milei trava com o futebol argentino

EUR -
AED 3.878651
AFN 71.798751
ALL 98.350477
AMD 418.142152
ANG 1.902957
AOA 961.991625
ARS 1066.022011
AUD 1.623395
AWG 1.900789
AZN 1.78876
BAM 1.957355
BBD 2.131784
BDT 126.170254
BGN 1.955809
BHD 0.398083
BIF 3119.352467
BMD 1.055994
BND 1.419155
BOB 7.295763
BRL 6.352017
BSD 1.055834
BTN 89.156265
BWP 14.423803
BYN 3.454827
BYR 20697.484094
BZD 2.128201
CAD 1.479479
CDF 3030.703176
CHF 0.93154
CLF 0.037426
CLP 1032.698894
CNY 7.648991
CNH 7.653227
COP 4665.603633
CRC 539.225912
CUC 1.055994
CUP 27.983843
CVE 110.353208
CZK 25.274798
DJF 188.02029
DKK 7.457742
DOP 63.752166
DZD 140.98053
EGP 52.364955
ERN 15.839911
ETB 130.801114
FJD 2.394097
FKP 0.833514
GBP 0.831799
GEL 2.888151
GGP 0.833514
GHS 16.312885
GIP 0.833514
GMD 74.975433
GNF 9099.273311
GTQ 8.146666
GYD 220.826513
HKD 8.21943
HNL 26.713226
HRK 7.532679
HTG 138.423267
HUF 413.812406
IDR 16753.082183
ILS 3.862067
IMP 0.833514
INR 89.203358
IQD 1383.131773
IRR 44430.951465
ISK 144.903255
JEP 0.833514
JMD 166.352971
JOD 0.749017
JPY 159.437685
KES 136.962909
KGS 91.660072
KHR 4255.482126
KMF 492.623528
KPW 950.394277
KRW 1472.679046
KWD 0.324729
KYD 0.87992
KZT 540.707082
LAK 23172.522463
LBP 94548.780205
LKR 306.922425
LRD 189.525082
LSL 19.186254
LTL 3.118076
LVL 0.63876
LYD 5.151117
MAD 10.565996
MDL 19.332819
MGA 4929.940643
MKD 61.527955
MMK 3429.827601
MNT 3588.267849
MOP 8.463726
MRU 42.117666
MUR 49.100348
MVR 16.314925
MWK 1830.863462
MXN 21.595359
MYR 4.688792
MZN 67.476593
NAD 19.1868
NGN 1780.564169
NIO 38.850687
NOK 11.660825
NPR 142.650024
NZD 1.791004
OMR 0.406557
PAB 1.055844
PEN 3.962048
PGK 4.257383
PHP 62.014839
PKR 293.518338
PLN 4.30689
PYG 8234.543118
QAR 3.848576
RON 4.977319
RSD 116.960881
RUB 114.043701
RWF 1469.702611
SAR 3.966908
SBD 8.860414
SCR 14.417927
SDG 635.182214
SEK 11.536282
SGD 1.416774
SHP 0.833514
SLE 23.961267
SLL 22143.672997
SOS 603.393738
SRD 37.387506
STD 21856.945546
SVC 9.238385
SYP 2653.216672
SZL 19.194706
THB 36.347516
TJS 11.508599
TMT 3.706539
TND 3.33535
TOP 2.473242
TRY 36.615101
TTD 7.174735
TWD 34.329625
TZS 2793.749567
UAH 43.910299
UGX 3896.095814
USD 1.055994
UYU 45.226151
UZS 13582.857168
VES 49.900356
VND 26793.737955
VUV 125.36974
WST 2.947904
XAF 656.491077
XAG 0.034931
XAU 0.0004
XCD 2.853876
XDR 0.807661
XOF 656.481745
XPF 119.331742
YER 263.919306
ZAR 19.108615
ZMK 9505.22056
ZMW 28.480496
ZWL 340.029665
Clubes ou empresas? Uma discussão que Milei trava com o futebol argentino
Clubes ou empresas? Uma discussão que Milei trava com o futebol argentino / foto: LUIS ROBAYO - AFP

Clubes ou empresas? Uma discussão que Milei trava com o futebol argentino

O argentino Gabriel Nicosia lembra que há 40 anos passeava com sua mãe em frente à sede do San Lorenzo, que ainda frequenta para fazer atividades físicas e bater papo com os amigos do bairro. Agora, ele teme que essa vida comunitária desapareça caso o clube seja vendido a uma empresa, como defende o presidente da Argentina, Javier Milei.

Tamanho do texto:

O debate sobre a incorporação das sociedades anônimas desportivas (SAD) ao futebol argentino desperta atritos entre o governo e a maioria dos clubes, cujos dirigentes e sócios se opõem à ideia.

"Eu me lembro de ir de mãos dadas com minha mãe e passar pelo clube, de andar por baixo das arquibancadas, todas de madeira", contou Nicosia, fanático pelo San Lorenzo "desde sempre".

Na academia do clube, ele cumprimenta outros sócios que, como ele, jogam futebol, basquete e organizam festas enquanto as crianças praticam dança, natação e artes marciais. Muitos pais esperam na cafeteria, decorada com bandeiras que lembram títulos internacionais de jogadores da seleção argentina.

Mas se este clube, do qual o papa Francisco é torcedor, se tornar empresa, "muitas coisas podem mudar ou os valores sociais se perderem", teme Nicosia, em entrevista à AFP na sede do San Lorenzo no bairro de Boedo, em Buenos Aires.

Na Argentina, as equipes que competem no futebol profissional são associações civis sem fins lucrativos controladas pelos sócios, que pagam uma mensalidade e têm direitos políticos.

Os clubes proporcionam "contenção e possibilidades" sociais, com as 300 bolsas para jovens do bairro vizinho aproveitarem a piscina, explica Martín Cigna, diretor do San Lorenzo.

Os bolsistas se preparam a um passo de onde treinam os jogadores do time profissional de futebol, vários deles milionários.

Ao contrário de outros países da região, como o Brasil, onde os clubes são menos vinculados às comunidades, na Argentina estas pequenas entidades, como o humilde Club Parque, de Buenos Aires, trabalham na formação de juvenis que mais tarde serão grandes jogadores de times da elite.

Este clube de bairro já trabalhou com o Argentinos Júniors, onde estreou Diego Maradona, e formou outros campeões do mundo como Sergio Batista e Alexis Mac Allister, ou jogadores de nível internacional como Carlos Tévez.

- Velha discussão -

Em seu estatuto, a Associação do Futebol Argentino (AFA) não permite que um clube esportivo com outra forma jurídica, como as SAD, participe de suas ligas.

As SAD colocariam em risco atividades que não o futebol profissional, já que "o que não dá lucro vai fechar, essa é a lógica comercial", explicou à AFP Verónica Moreira, especialista em estudo sociais do esporte.

A discussão ganhou espaço antes da eleição de Milei como presidente da Argentina, no ano passado.

"Quem se importa com quem é o dono se o time ganha por 5 a 0 e é campeão do mundo? Ou preferem continuar nesta miséria que temos, cada vez mais, de um futebol da pior qualidade?", disse o então candidato semanas antes de vencer as eleições em novembro.

Em dois decretos, o governo Milei tentou forçar a AFA a aceitar a possibilidade de os clubes serem controlados pelas SAD, o que foi criticado em peso pela comunidade do futebol e barrado pela justiça.

"Não é para o nosso modelo de futebol", declarou em agosto o presidente da AFA, Claudio Tapia.

Segundo Moreira, "nas associações civis o que se ganha é revertido ao clube", enquanto um investidor privado "coloca o dinheiro e depois quer levar esse lucro".

Mas quem defende as SAD vê as coisas de outra forma.

"Isso é favorável aos clubes. Estamos certos de que pode ser o caminho", disse ao canal local TN o secretário de Turismo e Esporte, Daniel Scioli. "Não seria bom poder melhorar as instalações?".

Antes de Milei, houve tentativas de permitir as SAD: no final da década de 1990 e durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019).

- Deficitários -

Alguns dirigentes de clubes são a favor da entrada de capital privado, como o presidente do Estudiantes de La Plata, o ex-jogador da seleção argentina Juan Sebastián Verón, que afirmou que se prepara "para outro tipo de abertura".

Mas a maioria se opõe, como Cigna, que explicou que o San Lorenzo, além do aspecto esportivo, também dá assistência social.

"Vamos fechar este ano com um déficit de cerca de US$ 1 milhão [R$ 5,7 milhões na cotação atual] e isso se paga com as receitas que o clube gera, majoritariamente do futebol profissional. As mensalidades não são suficientes", ressaltou o dirigente.

Do outro lado do rio Matanza-Riachuelo, que separa Buenos Aires da província homônima, está o Lanús, que abrange mais de 30 modalidades esportivas e artísticas, escolas primária e secundária.

Seus mais de 25 mil sócios praticam atividades que "seriam deficitárias" sem o dinheiro do futebol, explicou à AFP o presidente do clube, Luis Chebel.

Chebel também é contra a incorporação das SAD porque os fundos necessários para manter essa dinâmica "iriam para quem fornece o dinheiro".

(Y.Berger--BBZ)