Israel bombardeia Gaza e Líbano e critica ordem de prisão do TPI contra Netanyahu
Israel prosseguiu com sua ofensiva na Faixa de Gaza e no Líbano, nesta quinta-feira (21), com bombardeios que mataram dezenas de pessoas, e rejeitou com veemência a ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por crimes de guerra e contra a humanidade.
O TPI também determinou a detenção do ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant e do líder do braço armado do Hamas, Mohamed Deif.
"A decisão antissemita do Tribunal Penal Internacional é comparável a um atual julgamento de Dreyfus que terminará da mesma forma", reagiu em um comunicado do seu gabinete, referindo-se ao caso do capitão judeu Alfred Dreyfus, condenado por traição no final do século XIX na França e que depois foi absolvido e reabilitado.
Em Gaza, a Defesa Civil anunciou a morte de 22 pessoas em um bombardeio israelense durante a noite em um bairro da Cidade de Gaza.
Um segundo ataque, que ocorreu por volta da meia-noite (19H00 de quarta-feira, horário de Brasília) na área de Beit Lahia e Jabalya, matou dezenas de pessoas, segundo fontes médicas do território palestino, governado pelo Hamas.
Já o Ministério da Saúde do Líbano reportou 22 mortos em bombardeios israelenses no vale de Beca (leste).
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel deixou 1.206 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais, que incluem os reféns mortos.
Naquele dia também foram sequestradas 251 pessoas, das quais 97 permanecem em cativeiro em Gaza, embora o Exército israelense acredite que 34 delas tenham falecido.
A ofensiva lançada em retaliação pelo Exército israelense matou ao menos 44.056 pessoas na Faixa de Gaza, em sua maioria também civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território palestino, considerados confiáveis pelas Nações Unidas.
- Em busca de um cessar-fogo no Líbano -
O enviado especial dos Estados Unidos, Amos Hochstein, se reunirá nesta quinta-feira com Netanyahu em busca de um plano de paz no Líbano, onde Israel e o movimento pró-Irã Hezbollah entraram em guerra aberta no final de setembro.
Os confrontos começaram em 8 de outubro, quando o grupo islamista libanês abriu esta frente com fogo de artilharia quase diário contra o território israelense, o que forçou cerca de 60 mil habitantes do norte de Israel a deixarem suas regiões.
No Líbano, dezenas de milhares de habitantes também foram deslocados.
A embaixadora americana em Beirute, Lisa Johnson, apresentou na semana passada às autoridades libanesas um plano de 13 pontos que prevê uma trégua de 60 dias e a mobilização do Exército no sul do Líbano, um dos redutos do Hezbollah.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, declarou na quarta-feira que qualquer cessar-fogo no Líbano deve dar a Israel "liberdade de ação" para atacar o movimento libanês "em caso de violações" do acordo.
Israel "não pode impor suas condições", alertou na quarta-feira o líder do Hezbollah, Naim Qassem, em um discurso gravado previamente. Na mensagem, ele exigiu "o cessar total da agressão" no Líbano.
Mais de 3.550 pessoas morreram desde outubro de 2023 no Líbano devido aos confrontos entre Israel e Hezbollah desde a intensificação do conflito em setembro, segundo autoridades libanesas.
- Ordem "vinculativa" de prisão do TPI, segundo UE -
Segundo Israel, Deif morreu em um ataque em 13 de julho no sul de Gaza, embora o Hamas negue a sua morte.
"Este mandado de prisão para Deif é extremamente importante. Isso significa que as vozes das vítimas foram ouvidas", disse Yael Vias Gvirsman, que representa as famílias de 300 vítimas israelenses do ataque de 7 de outubro.
O Hamas classificou a medida como "um passo importante em direção à justiça, que pode permitir às vítimas obter reparação, mas permanece modesto e simbólico se não tiver o apoio total de todos os países do mundo".
No campo diplomático, Estados Unidos e Argentina a rejeitaram, enquanto a União Europeia e a Anistia Internacional, entre outros, a elogiaram.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou que estes mandados de prisão são "vinculativos", e, por isso, devem "ser aplicados".
(P.Werner--BBZ)