Em discurso, Milei promete que inflação será uma 'lembrança ruim' na Argentina
O presidente argentino, Javier Milei, prometeu, nesta terça-feira (10), que a inflação será "uma lembrança ruim" para os argentinos, em um discurso por ocasião do primeiro aniversário de seu governo ultraliberal, marcado por sucessos econômicos, mas com um custo social elevado.
"Estamos cada dia mais perto de a inflação ser pouco mais que uma lembrança ruim", disse Milei, ao comemorar a evolução da inflação de 25,5% ao mês em dezembro do ano passado - quando depreciou o peso em 52% - para 2,7% em outubro, segundo o último dado oficial disponível.
Ele também garantiu que, durante a recém-assumida presidência semestral do Mercosul, bloco co-fundado em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, buscará "aumentar a autonomia dos integrantes do organismo diante do resto do mundo".
"Nesta linha, nosso primeiro objetivo será impulsionar, durante o próximo ano, um tratado de livre-comércio com os Estados Unidos", prosseguiu, sem esclarecer se negociará este acordo sozinho ou em conjunto com o bloco, que não admite negociações bilaterais sem a anuência dos outros sócios.
Milei disse, ainda, que buscará "o tratado que deveria ter ocorrido há 19 anos".
"Todo esse crescimento nos foi tirado com a simples assinatura de um grupo de burocratas", acrescentou.
Em 2005, liderados pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez, cujo país era na época Estado associado do Mercosul, os dirigentes do bloco rejeitaram a assinatura da Alca, Área de Livre-Comércio das Américas, impulsionada pelos Estados Unidos.
Milei, um economista ultraliberal, também prometeu eliminar, "no ano que vem e para sempre", o intrincado controle cambial que vigora na Argentina, e assegurou que seus concidadãos poderão "utilizar a moeda que quiserem em suas transações cotidianas".
"Passamos pela prova de fogo", disse o presidente, ao iniciar seu discurso gravado, no qual aparece em seu gabinete, ladeado por sua irmã e secretária da Presidência, Karina Milei, e seus ministros.
Nos primeiros seis meses do governo Milei, a pobreza saltou 11 pontos percentuais no país - uma escalada histórica -, atingindo 52,9% da população, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo da Argentina (Indec).
(T.Renner--BBZ)