Luta contra o mosquito tigre vira desafio para Paris antes dos Jogos
A luta contra o mosquito tigre, "primo" do "Aedes aegypti", será um desafio para Paris antes dos Jogos Olímpicos. Os fabricantes já estão na linha de frente instalando suas armadilhas, uma alternativa aos inseticidas.
Esse mosquito, também vetor do vírus da dengue, será 'persona non grata' nos Jogos na capital francesa, entre 26 de julho e 11 de agosto.
As autoridades sanitárias incluíram as arboviroses, doenças transmitidas por este mosquito (dengue, chikungunya e zika), entre os riscos infecciosos "levados em conta" na cartografia de riscos sanitários.
O objetivo é "reforçar o acompanhamento e a vigilância" enquanto se aproxima o evento, que deve receber 10 milhões de espectadores de todo o mundo.
A França registrou 45 casos de dengue em 2023.
"As sedes olímpicas e, em particular, a vila olímpica, devem ficar livres de mosquitos", recomenda o entomologista Didier Fontenille.
Para este especialista em enfermidades transmitidas por vetores, exterminar o acúmulo de água parada, onde o mosquito se desenvolve, pode resolver "80% do problema".
Esta "mobilização cidadã" deve ser combinada com "armadilhas quando apropriado, repelentes, mosquiteiros e larvicidas biológicos", acrescenta. O mosquito tigre precisa de apenas alguns milímetros de água para se reproduzir.
"Ele passa o inverno em forma de ovos. Os ovos ainda não eclodiram, mas começamos a ficar em alerta", explica Fontenille, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento de Montpellier.
Com listras brancas e pretas, o mosquito tigre "segue em expansão geográfica" e "continua a aumentar onde já está presente em abundância", acrescenta. O fenômeno é favorecido pela mudança climática.
- Esterilizar -
Os fabricantes de armadilhas entraram na corrida para promover suas soluções. Este modo de captura reproduz os odores do corpo humano para atrair e aspirar esses insetos de 5 mm. Outro tipo de armadilha serve como local para depositar os ovos.
"A empresa Biotents ganhou uma concorrência para proteger o porto esportivo olímpico de Marselha", onde vão acontecer as provas de vela, conta Hugo Plan, um de seus três diretores.
"A instalação de 15 armadilhas está prevista para 26 de abril em um hectare", "entre a vegetação à sombra e em um ambiente úmido", explica.
"Durante a competição, haverá visitas periódicas das equipes para garantir que as armadilhas estão funcionando corretamente", afirma.
Estas ficarão em caixas metálicas para estarem protegidas de qualquer ato de vandalismo.
A Biogents, que há mais de 20 anos estuda o comportamento dos mosquitos em seu laboratório na região alemã da Baviera, está presente em 100 países e é voltada para profissionais do turismo, autoridades locais e pesquisadores.
Entre 2019 e 2023, seu volume de negócios aumentou oito vezes na França graças às vendas a particulares.
A mesma tendência ocorre com a Qista, outra empresa especializada do setor.
Em dez anos, esta PME francesa instalou 13 mil de seus dispositivos em 26 países, afirma seu fundador, Pierre Bellagambi, que se declara "à disposição" das autoridades olímpicas.
As armadilhas são geralmente utilizadas em um contexto de prevenção para proteger populações sensíveis (jardins de infância, escolas, hospitais, asilos).
Para diminuir a incidência do "Aedes albopictus", estão trabalhando na modificação de seu DNA e na esterilização dos machos em uma fazenda de insetos mediante raios X, antes de libertá-los em áreas prioritárias onde acasalam com fêmeas selvagens sem gerar descendentes.
"A vila olímpica seria ideal para experimentar esta técnica dos insetos estéreis", diz Fontenille, para quem seria um sonho uma experiência em larga escala durante os Jogos.
(A.Berg--BBZ)